Mr. Prepper

02/11/2023 - 10:10



A PlayWay S.A. e o estúdio de desenvolvimento Rejected Games trazem-nos esta aventura com elementos de criação, desenvolvimento e gestão de ferramentas, com gráficos 3D e cenários para mover em 2D.

Mr. Prepper, da Rejected Games, apresenta um cenário de ficção científica. Sabemos que algo está errado, que o risco de uma guerra nuclear está no ar e que é imperativo prepararmo-nos para o que aí vem.

O fim do mundo é inevitável, e perante a possibilidade não só de uma catástrofe natural mas também da estupidez humana, o nosso protagonista quer viver com a tranquilidade de ter um sítio onde se refugiar. E se esse lugar o abrigar das condições externas, o alimentar e lhe permitir dormir, tanto melhor. Nestes momentos, a vontade de sobreviver, a capacidade de controlar o medo e os nossos conhecimentos e recursos podem salvar-nos a vida.

Por outras palavras, o mais importante no Sr. Prepper é a atitude perante o problema. Assim, a primeira coisa a fazer é tornar a nossa casa num lugar mais seguro, um bunker inexpugnável onde possamos desfrutar da nossa privacidade e descanso, enquanto construímos quintas, ferramentas, veículos, etc. .... É claro que de pouco serve uma estrutura meticulosamente projectada e construída se no seu interior não houver nada para sobreviver. Isto implica que o habitat deve ter uma despensa para conter toda esta carga de subsistência. Em suma, Mr. Prepper é sobre estar preparado.

É claro que a peça também envolve certos riscos que devem ser tidos em conta. O nosso protagonista vive no país que já foi a terra dos livres, mas que agora está preso às regras estabelecidas por um governo totalitário, sendo a propaganda e a perseguição política as forças motrizes que facilitam esta situação. Isto significa que toda a sociedade tem de ser integrada na política nacional, que os indivíduos, incluindo o Sr. Prepper, se sentem parte do Estado e desenvolvem uma lealdade extrema, superior até à demonstrada para com a própria família.

A liderança é forte e, além disso, desenvolve o seu poder de uma forma imprevisível e sem limites. Ele não quer que desfrutemos da nossa privacidade, quer que fiquemos sob o seu controlo, e o título da Rejected Games destaca-se sobretudo por esconder as suas críticas mais contundentes no melhor esconderijo possível: à vista de todos. A sátira é essencial ao longo de toda a aventura e executa uma dissecação brutal para expor o lado obscuro do totalitarismo. Em suma, o que esta obra nos oferece como um todo é uma lição que talvez devêssemos ouvir agora mais do que nunca: que o vírus do totalitarismo pode entrar em quase todos os corpos e que faríamos bem em detectá-lo antes que seja tarde demais.

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